Acreditava ele que existia algo humano nos túneos do metró que se espalhavam como veias em baixo da terra. Se um só fosse considerado, não se distinguía o seu começo do seu fim. Uma daquelas linhas sozinha não parecia tão complicada—pois uma linha complexa deixa de ser uma linha e torna-se numa forma completamente outra. A sós, não conduziam a lugar nenhum. Mas essas linhas e os túneos que elas representavam juntos constituíam um labirinto, um submundo composto de conexões paralelas às do lado de cima. Um espelho enterrado que todos usavam a cada dia e não o reparavam.
Mas ele andava todo dia de metró para o seu trabalho e sempre compreendera. Enquanto outros liam jornais gratuitos e livros de jogar fora, Davi aprendia a ler entre as linhas o que não estava escrito nelas. Prestava atenção às complexidades de ambos dos mundos. Ele via como aqui em baixo tinha ligações planejadas entre os linhas que jamais foram realizadas. Túneos que cruzavam-se durante cinqüenta anos ou mais—no mais íntimo relacionamento—foram subitamente fechados, selados com os mesmos tijoulos que os construíram. Em tais lugares agora coligava-se poeira em vez de pessoas, cápsulas de tempo não-esperadas e com destino desconhecido.
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