Sunday, July 22, 2007

o canto do coração e dos justos

Hoje na reunião sacramental os três discursantes falaram sobre música, e foi uma reunião muito edificante. A letra do seguinte hino foi recitada no segundo discurso:

Come, Let Us Sing an Evening Hymn, no. 167
1. Come, let us sing an evening hymn
To calm our minds for rest,
And each one try, with single eye,
To praise the Savior best.

2. Yea, let us sing a sacred song
To close the passing day,
With one accord call on the Lord
And ever watch and pray.

3. Oh, thank the Lord for grace and gifts
Renewed in latter days,
For truth and light to guide us right
In wisdom’s pleasant ways,

4. For ev’ry line we have received
To turn our hearts above,
For ev’ry word and ev’ry good
That fill our souls with love.

5. Oh, let us raise a holier strain
For blessings great as ours,
And be prepared while angels guard
Us through our slumb’ring hours.

6. Oh, may we sleep and wake in joy,
While life with us remains,
And then go home beyond the tomb,
Where peace forever reigns.

Letra: William W. Phelps, 1792–1872. Incluído no primeiro hinário SUD, 1835.

Depois de citar isso, a discursante continuou a falar coisas maravilhosas.

"A música é algo transcendente. Ela transcende, rompe os limites e mesmo ela nem conhece barreiras referentes à raça ou de condições socioeconômicas. Nesse sentido, a música bem se compara com o amor."

citou alguém que deu um discurso na BYU, falando o seguinte:
"music is love in search of expression."

e para terminar, Colossenses 3:16:

"A palavra de Cristo permaneça entre vós em toda a sua riqueza, de sorte que com toda a sabedoria vos possais instruir e exortar mutuamente. Sob a inspiração da graça cantai a Deus de todo o coração salmos, hinos e cânticos espirituais."

Saturday, July 21, 2007

"A coisa fica séria, é como um turbilhão, fazendo uma miséria no meu coração"

Hoje eu perdi o ônibus de novo. Ele passou a alguns metros na minha frente, mais ou menos um minuto antes que eu chegasse à parada. Daí fiquei frustrado, pois o próximo so ia passar uma hora mais tarde. Então resolvi caminhar em direção ao meu destino, passando por uma ruazinha, que é como se fosse um pequeno bairro Brasileiro, chamada Medford Street. Pegaria o ônibus lá mesmo.

Levou uns vinte minutos para chegar até lá e quando cheguei, imediatamente ouvi as duas músicas mais bonitas que eu já ouvi na minha vida: "Não fala de Maria" e "Minha gente," ambas de Chico Buarque. Sentei-me num banco pequeno para esperar o bus e nossa, que tristeza profunda e absoluta, aquela que a gente confunde com o amor, que aperta o peito no lado esquerdo. O coração bate milhares de vezes todos os dias, mas raros são os momentos nos quais a gente realmente sente e repara aquelas batidas. Igualmente raro é algo que nos faz sentir o nosso próprio fôlego...Aquelas coisas que nos dão a vida são tidas por já entendidas, são subestimadas, e no processo varridas para longe, postas de lado. Tudo na minha vida é uma fantasia? Que lado, este que estou vivendo aqui nos Estados Unidos ou aquele que vivi mas ainda faz parte indispensável de mim no Brasil? Porque passo entre os dois num segundo, é só atravessar a rua, seja ela física ou mental ou da alma. Todas essas ruas provém de direções diferentes e deveria ter um lugar aonde todas elas se cruzam de uma vez, onde pouquíssima gente já chegou. É realista amar ou viver, quando o amor vem e faz com que tudo que existia anteriormente na vida se torne irrelevante?

A vida anda e desenrola-se como uma história escrita, com palavras que vacilam até que caem no papel. Mas de repente vem o amor a riscar tudo que já estava escrito. Chegou a hora de mesmo rasgar aquela folha e a jogar fora, pois é a hora de começar novamente do nada. Assim é o renascer, o reviver que traz o amor.

Quando eu me sentei naquele banco as escamas foram tiradas dos meus olhos. Por alguns momentos senti como se eu tivesse cem anos de idade ou mais. Eu me imaginei, muito bem me vi como um daqueles velhinhos no Rio ou em alguma outra capital Brasileira, que passam agradavelmente as horas do fim da tarde de suas vidas, passeando pela cidade e observando todas as mudanças e rostos novos. Ou talvez sentados num banco na beira do mar, imersos em ondas de meditação e lembrança.

Olhei para o outro lado da rua e um pouco para cima e vi umas árvores bem altas, densas de folhagem, um verde vivo. Pela sua altura e cor pensei que fossem mangueiras, e depois, de saudade pura mesmo, palmeiras. Enquanto as observava, parecendo-me um jardim com uma camada de copas, apareceu uma gaivota do nada, voando nobremente pelo ar de asas espalhadas, até vir pousar num poste de luz, me lembrando que eu estava no meio da cidade. Somerville, subúrbio de Boston, fica várias milhas de distância do mar ou de qualquer praia. Parecia que a gaivota fora levado pelo vento. Dava para ver que ele estava muito perdido. Ele pulou do poste depois de olhar confuso em todas as direções—sua nobreza tornou-se rapidamente em espanto—e começou a voar para lá e para cá, muito confuso, a única certeza sendo que ele estava buscando a sua casa. Subitamente a gaivota deu mais um salto pelo ar, bateu as asas com força suficiente para compensar por sua confusão, e voou com o vento, saindo tão rapidamente o quanto tinha aparecido.

Eu pensei que isso fosse o fim da história, mas de repente vi algo inacreditável: outra gaivota um pouco menor do que a primeira, pois esta era fêmea. Era sua amada. Os dois voavam, até tínham se perdido juntos, muito longe do mar. Agora ela pousou sobre um tijoulo de esquina de um prédio e olhava para o céu. Parecia que o primeiro tinha voado embora, partindo sem a sua amada, mas de uma forma dava para perceber que eram inseparáveis... Ele mostrou-se bem confuso ao voar sozinho. Sem ela, ele tinha perdido o rumo. Quando ele se foi e a amada surgiu na minha vista, ela parecia mais resoluta, como se ela soubesse que estariam reunidos ou no ar ou no seu lar, ou de volta perto do mar: o quando da questão não faria diferença. Parecia que ela estivesse deixando o companheiro dela voar sozinho por um tempo, até completamente confuso, para que do meio da conturbação ele achasse o caminho verdadeiro: é ela.

you've got to hide your love away

Esta música de lennon diz muito. mas muito mesmo. sinto que é uma música muito triste.

http://youtube.com/watch?v=aNMhPQoEbJE&mode=related&search=

E é até possível que que um pouco da tristeza se perca na tradução, de fato acho que é primeiro a tristeza que se perde quando é traduzida para uma outra língua, porque esta letra é desesperada. é devastada.

Here I stand head in hand
Turn my face to the wall
If she's gone I can't go on
Feelin' two-foot small.

Everywhere people stare
Each and every day
I can see them laugh at me
And I hear them say:
"Hey! you've got to hide your love away"
"Hey! you've got to hide your love away"

How could I even try?
I can never win
Hearing them, seeing them
In the state I'm in.
How could she say to me,
Love will find a way?
Gather round all you clowns
Let me hear you say:
"Hey! you've got to hide your love away"
"Hey, you've got to hide your love away"

Monday, July 16, 2007

o fidalgo moderno

Acreditava ele que existia algo humano nos túneos do metró que se espalhavam como veias em baixo da terra. Se um só fosse considerado, não se distinguía o seu começo do seu fim. Uma daquelas linhas sozinha não parecia tão complicada—pois uma linha complexa deixa de ser uma linha e torna-se numa forma completamente outra. A sós, não conduziam a lugar nenhum. Mas essas linhas e os túneos que elas representavam juntos constituíam um labirinto, um submundo composto de conexões paralelas às do lado de cima. Um espelho enterrado que todos usavam a cada dia e não o reparavam.
Mas ele andava todo dia de metró para o seu trabalho e sempre compreendera. Enquanto outros liam jornais gratuitos e livros de jogar fora, Davi aprendia a ler entre as linhas o que não estava escrito nelas. Prestava atenção às complexidades de ambos dos mundos. Ele via como aqui em baixo tinha ligações planejadas entre os linhas que jamais foram realizadas. Túneos que cruzavam-se durante cinqüenta anos ou mais—no mais íntimo relacionamento—foram subitamente fechados, selados com os mesmos tijoulos que os construíram. Em tais lugares agora coligava-se poeira em vez de pessoas, cápsulas de tempo não-esperadas e com destino desconhecido.

introdução

Estou procurando escrever uma crônica, uma short story como como fala a gente daqui. não sei...nunca tentei escrever ficção. Queria escrevê-la em português e assim vou aos poucos. Tenho cultivado algumas idéias na mente. por favor me ajude com a concordância como sempre tem me ajudado. sinto muita falta de você por aqui e das nossas conversas. parece que me falta uma parte de mim.

Thursday, July 12, 2007

quote

"A poem should not mean, but be." -Archibald MacLeish